Encarei alguns relógios
Para que eles me soassem os cliques das horas
Em notas abafadas
De um agora qualquer
Quase me esqueci de fitar
O ponteiro dos minutos
Porque os segundo correm
Choram
Blefam
Na dinâmica opressiva do tempo
Que como grade finca
Como porta fecha. Como arte, arranha
Agora que morro em batidas
De um músculo cheio de responsabilidades
Ouso habitar minhas próprias artérias
Talvez escorregar pelo sangue em fluxo
E achar o eu que se perde
Acuso ser só um corpo estranho
Dentro de outro corpo com forma e tamanho
Abuso das línguas
E traço no papel um vínculo com as sensações
Pode ser que a metafísica seja
Só a união de tudo
Que ao ser simultâneo
Transcende
E conecta
No mesmo espaço
Todos os nossos sonhos